segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A CIDADANIA AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA POR LUCIANA RIBEIRO

A cidadania ambiental e a educação brasileira -Heloísa Carvalho


ENTREVISTA COM HELOISA CARVALHO - BLOG ECOPEDAGOGIA DE LUCIANA RIBEIRO


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Criado em 29 Dezembro 2013 Data de publicação

 
29/12/2013

Por Luciana Ribeiro

Heloísa Carvalho é Professora da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Especialista em Matemática (leciona para alunos do 6º ao 9º ano), Especialista em Iluminação e Designer de Interiores, Mergulhadora e apaixonada pelo Pantanal brasileiro e pelo Arquipélago de Abrolhos.


Com muita honra e satisfação pedagógica, convidamos a professora brasiliense para falar sobre a importância da cidadania ambiental para a educação brasileira. Segue a entrevista com ela:

JMA- Como educadora brasiliense, poderia falar sobre a importância da disciplina de Matemática para a preservação do meio ambiente?

Heloísa Carvalho-Claro que sim. A matemática em si, se for trabalhada de forma isolada (sem aprofundar), puramente como ela aparentemente é, de ambiental nada se retira. Porém, tenho tido experiências desde 2001 quando comecei a colocar em prática as idéias do meu trabalho de conclusão de curso de especialista em matemática: “Aplicação da matemática no desenho arquitetônico”,trabalho este que se tornou um projeto que envolve mais que o desenho arquitetônico; pois dentro da disciplina Matemática, envolve-se a reutilização de materiais recicláveis, por meio de maquetes e jogos. Tal projeto foi transformado em “Projeto Interdisciplinar – Uma Proposta Diversificada”.

JMA- Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Matemática), de fato, oferecem subsídios pedagógicos para serem articulados com a educação ambiental dentro e fora do contexto escolar? Fale sobre os pontos positivos e negativos desse processo educativo que se passa pelo currículo escolar brasileiro.

Heloísa Carvalho- Sim. Aprendi muito com as idéias contidas nele. Basta que o professor esteja disposto a trabalhar as atividades propostas, mesmo tendo que enfrentar as barreiras para dar continuidade aos sonhos que são possíveis de serem realizados nas escolas, contudo não há como realizar um trabalho que não se sonha com ele. Sou uma profissional que quando sonha com algo, procura realizá-lo, ainda que esteja sozinha mediante alguma tarefa pedagógica.

Positivos:

• O aluno consegue encontrar respostas para a pergunta de sempre: “Para que serve a matemática?”;
• A diminuição do fracasso escolar;
• A conscientização da importância do aproveitamento do “lixo”;
• A valorização do trabalho do aluno por meio de exposições;
• Um bom rendimento escolar;
• A descoberta dos vários outros componentes curriculares contidos na matemática, entre vários outros motivos.

Negativos:

• A falta de credibilidade do grupo docente no trabalho coletivo– “é difícil realizar as propostas educativas de modo individual, mesmo sabendo que existeminúmeras idéias, e até porque desenvolvê-las assim não é uma proposta dos PCNs”.
• O tempo – cumprir as habilidades do ano em parceria com o projeto.

JMA- Como mergulhadora apaixonada pelo Pantanal brasileiro, fale sobre sua visita nesse bonito bioma, e sobre o que tirou de lição para sua vida e carreira escolar.

Heloísa Carvalho- Ao mesmo tempo em que fico encantada todas as vezes que visito o bioma verde, fico também bastante entristecida ao ver a diminuição da fauna e a devastação da flora, como, por exemplo, quando fui a Bonito/MS – Serra da Bodoquena – em 2007, pude ver vários animais pelas estradas, como as Siriemas, sempre de três em três(risos) e o Mutum. Ao retornar em julho deste ano, vi apenas uma vez duas Siriemas, que por um acaso estavam sendo alimentadas pelo dono da fazenda e, na estrada, vi outra – a qual estava parada a ponto de ser atropelada como tantos outros animais que vi mortos nesta mesma estrada, como o tatu-peba, a raposa, o veado campeiro, e o tamanduá bandeira; ou seja, falta a consciência dos visitantes para respeitar o verde. A visita que fiz à fazenda pantaneira, vi muitos animais soltos no pasto, e fui lá para conhecer o Projeto Gadonça, que admiro muito (link do projeto: http://www.fazendasanfrancisco.tur.br/projetos/projeto-gadonca/5/), o qual se encontra em outra fazenda.

JMA- Vislumbrando boas experiências educativas por meio dos seus mergulhos e visitas em áreas verdes do Brasil (Pantanal Sul - Bonito e Miranda, Arquipélago de Abrolhos – sul da Bahia, Norte do Espírito Santo – Regência- Projeto Tamar, Morro de São Paulo – quarta praia, Maragogi – Costa dos Corais, Chapada dos Veadeiros, etc.), seria possível citar algum projeto que privilegia o meio ambiente?

Heloísa Carvalho-O Projeto Tamar,o projeto Peixe Boi, o Projeto Baleia Jubarte, o Projeto Gadonça, o Projeto RPPN, em todos os passeios de Bonito e nas Chapadas,Projeto Jibóia, os quais favorecem a conservação dos recursos naturais, que são importantes para o tratamento de resíduos sólidos,caça de animais, etc.

JMA- De acordo com sua experiência pedagógica, recomende o uso de alguns materiais eco-pedagógicos para serem aplicados nas aulas da disciplina de Matemática.

Heloísa Carvalho – Pode ser reutilizado o seguinte: tampinhas de refrigerante para peças de jogos lúdicos, portas de armário, papelão para tabuleiros, restos de papéis, latinhas para estudo do PI, para estudo do cilindro, círculo, semicírculo, plásticos para fazer saquinhos para guardar as peças de jogos.

JMA- A tecnologia dos computadores pode ajudar os educadores e alunos brasileiros a estudarem e resolverem questões ambientais, como desmatamento, coleta seletiva dos resíduos sólidos etc., que ocorrem no Brasil? Cite alguma experiência educativa que vivenciou dentro da sala de aula com seus alunos.

Heloísa Carvalho - Com certeza. O facebook utilizado com prudência é um ótimo instrumento de pesquisa e informação. Participo de vários grupos dessa rede social e valorizo muito aqueles que são voltados para a preservação do meio ambiente.

JMA- O analfabetismo ambiental é um problema que também assola o meio ambiente; a mídia televisiva e a educação brasileira podem trabalhar em parceria para ajudar o meio ambiente? Dê exemplos.

Heloísa Carvalho- Sim. Os projetos: Globo Mar, O Globo Repórter, Vida Selvagem de Richard Rasmussem, National Geografic, Discovery Channel e projetos diversos em grupos do facebook, entre outros que podem ser usufruídos, articulados e divulgados por meio da mídia e das próprias escolas brasileiras.

JMA- A política brasileira está preparada para enfrentar o desafio de sensibilizar o educador e o aluno brasileiro? O que pode ser feito na esfera governamental para alavancar propostas voltadas para a cidadania ambiental dentro do contexto escolar?

Heloísa Carvalho – Infelizmente, eu digo que não. Os governantes podem e devem estimular a implementação da educação ambiental que pode e deve ser trabalhada como componente curricular obrigatório a ser articulada entre os professores formados de Biologia, de Ecologia e pelos especialistas da área ambiental no geral.

JMA- As famílias brasileiras podem usufruir das atividades e dos projetos socioambientais que são desenvolvidos dentro e fora do contexto escolar? Como?

Heloísa Carvalho- Sim. Pode ser desenvolvido um trabalho educativo de longo prazo com os familiares dos alunos; assim, como foi realizado em Brasília em relação ao trânsito –priorizar a educação como recomendação obrigatória faz toda a diferença. A cidade de Brasília, antes do uso das barreiras eletrônicas e dos radares eletrônicos, era um lugar em que se viam muitas mortes, principalmente nas grandes avenidas, mas coma implementação de projetos que envolveram a educação e uma cobrança contínua, muita coisa foi modificada na cidade, entretanto, pode ser assim, com a educação ambiental para beneficiar as cidades brasileiras.

JMA- Fale sobre suas expectativas para o futuro da educação brasileira e para a preservação do planeta Terra.

Heloísa Carvalho- Após a aprovação do último Código Florestal, fiquei decepcionada ao ver a redução das áreas verdes no Brasil, por meio da pressão dos ruralistas. Quanto à educação, penso que a mudança de governo afeta demasiadamente o andamento dos trabalhos escolares; portanto estou há 15 anos na rede pública do DF, e tenho visto que a cada nova eleição, o Ministério da Educação divulga uma nova proposta política, ou seja, nem nos acostumamos com a anterior, temos que nos preparar para uma nova ideia a ser posta em prática. E, infelizmente, são poucos os professores consultados para se realizar a implementação das políticas públicas que valorizam a qualidade do ensino em geral, pois tudo requer tempo para mudanças, contudo melhorarmos a realidade do planeta Terra; sendo assim, vislumbro uma nova educação verde que valorize a Amazônia e os biomas em geral por meio de ações e projetos educativos.

Prezada Educadora, 
Agradecemos sua eco-gentileza e participação no Jornal Meio Ambiente/Curitiba

Fonte: Publicada originalmente: Jornal Meio Ambiente/Curitiba

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