terça-feira, 27 de outubro de 2015

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO 2 - formação do "sujeito ecológico"

BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO

Por Heloisa Carvalho

NUNCA, NA HISTÓRIA NATURAL, TANTAS ESPÉCIES ESTIVERAM AMEAÇADAS
DE EXTINÇÃO NUM PERÍODO TÃO CURTO

FOTO DE HELOISA CARVALHO
21/07/2013
FAZENDA SAN FRANCISCO - MIRANDA/MS
PANTANAL SUL


Comunidades biológicas vêm, nos últimos anos, sendo devastadas por atividades humanas, existe ainda, diminuição de espécies ou extinção em consequência da caça predatória, destruição do habitat e a ação de novos predadores e competidores. Demandas da população humana e contínuos avanços tecnológicos têm sido causas do aumento da ameaça à diversidade biológica.
Ciclos naturais hidrológicos e químicos vêm sendo perturbados pela devastação de terras. Bilhões de toneladas de solo então vão parar em rios, lagos e oceanos a cada ano. A diversidade genética diminuiu, inclusive entre espécies com grandes populações. Acredita-se que o próprio clima do planeta pode ter sido alterado por uma combinação de poluição atmosférica e desmatamento.

A Biologia da Conservação é a disciplina científica que visa a necessidade de fazer algo para impedir a destruição. Foi desenvolvida a partir de esforços de profissionais e pessoas de diferentes áreas para combater a crise da biodiversidade. Foi desenvolvida como resposta à crise com a qual a diversidade biológica se confronta atualmente(Soulé, 1985). 

A biologia da conservação tem dois objetivos: primeiro, entender os efeitos da atividade humana nas espécies, comunidades e ecossistemas, e, segundo, desenvolver abordagens práticas para previnir a extinção de espécies e, se possível, reintegrar as espécies ameaçadas ao seu ecossistema funcional. A disciplina fornece uma abordagem mais teórica e gerla para proteção da diversidade biológica; ela difere das outras por levar em consideração, em primeiro lugar, a preservação a longo prazo de todas as comunidades biológicas e coloca os fatores econômicos em segundo plano.


MÉTODOS INTERDISCIPLINARES DE CONSERVAÇÃO - "EDUCAÇÃO AMBIENTAL"

O surgimento da questão ambiental como um problema que afeta o destino da humanidade tem mobilizado governos e sociedade civil. Um conjunto de práticas sociais voltadas para o meio ambiente se tem instituído tanto no âmbito das legislações e dos programas do governo quanto nas diversas iniciativas de grupos, de associações e de movimentos ecológicos. 

A EA deveria estar presente, de forma transversal e interdisciplinar, nas escolas, em todos os níveis do ensino. Porém, na educação formal, observa-se despreparo e falta de conhecimento por parte de gestores e até mesmo das maiores instâncias educacionais. Mesmo havendo preocupações que foram ratificadas pela Política Nacional de Educação Ambiental, que institui a EA como obrigatória em TODOS os níveis de ensino e considerada componente urgente e essencial da educação fundamental, o que não tem acontecido de fato. Acontece apenas pontual, abordando temas limitados, e, a partir disto, revelando o desconhecimento de temas relevantes por parte de educadores e gestores. 

Pode-se constatar na sociedade um conjunto de iniciativas que incorporam a preocupação com a gestão ambiental e com a formação ambiental, como os conselhos de meio ambiente, conselhos de desenvolvimento sustentável, campanhas, e movimentos ambientais, entre outras práticas sociais - campos ambientais. É visível a necessidade de formação e de edição de livros sobre o meio ambiente e formação de especialistas, configurando uma área de conhecimento e de profissionalização com características próprias. Os educadores ambientais são parte deste campo e nele representam um dos novos tipos de profissionais ambientais. 

Faz-se necessário a implantação de EA nas escolas não apenas como parte das diversas áreas curriculares de forma transdisciplinar, mas é necessário considerar e transformar EA em disciplina curricular específica para que venha de fato acontecer e não ser mais superficial como tem acontecido na maior parte das escolas. É facilmente perceptível a "ignorância" nos diversos temas de urgência por parte das comunidades escolares. Não observa-se no corpo docente e discente um indicador da formação de um "sujeito ecológico" e  na grande massa uma inquietude na maneira de ver, viver e agir. 

O fato de a EA não ser limitada ao processo formal de ensino, conforme lei, é necessário visualizar o aluno como um ser multiplicador, é ele que vai atingir a comunidade para ações pessoais num presente consciente preparando para um futuro sustentável. Ele deve ser o primeiro a ser sensibilizado, porém, antes disso o seu professor deve estar plenamente tocado pelo momento sensível em que se encontra o meio ambiente. A sistemática da educação mudou, não se pode mais negar.  Não pode existir mais o professor da matéria "x" que não toca no assunto "y", porém diante desta dificuldade ainda presente torna-se necessário, mesmo que por um breve momento, a obrigatoriedade da disciplina EDUCAÇÃO AMBIENTAL que vislumbre temas da BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO. 

Percebe-se a necessidade de desenvolver no sujeito a sensibilidade e valores. Não basta ter o conhecimento. O indivíduo precisa ser tocado profundamente, desenvolver seu lado sensível, estimular sua criatividade e oferecer meios para que desenvolva suas habilidades. O sujeito deve ser sensibilizado de dentro pra fora, deve perceber a importância do cuidado com o meio, deve  acontecer o brotar um desejo escondido e com a capacitação, provocado. Por isso a necessidade de que se tenha profissionais da área ambiental dentro das escolas. Pessoas que trabalhem esta possível disciplina por afinidade, por amor ao que faz, facilitando a efetivação da formação do "sujeito ecológico". e antes disso, capacitação de todo o corpo docente, para que ali, seja descoberto o EDUCADOR AMBIENTAL.



OFICINA PROJETO RIOS VOADORES
FOTO DE LUÍS CARVALHO
I CONFERÊNCIA DE MAEIO AMBIENTE NO CEF 09 DE TAGUATINGA
CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES NA ESCOLA


Descoberto o educador ambiental na escola, este desenvolve métodos interdisciplinares de conservação em parceria com sujeitos da comunidade escolar que são direção, coordenação, alunos, pais, funcionários e membros da comunidade do entorno. Porém, antes da escolha deste, os demais educadores foram sensibilizados quanto a importância de se trabalhar o meio ambiente na escola e podendo estes participar apontando temas relevantes relacionados ao bioma de sua região e ainda problemas específicos da escola.


FONTE:
  • BIOLOGIA DA CONSERVÇÃO - RICHARD B. PRIMACK e EFRAIM RODRIGUES
  • MÉTODOS DE ESTUDOS EM BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO E MANEJO DA VIDA SILVESTRE - 2ª edição revisada - organizadores:LAURY CULLEN Jr., RUDY RUDRAN, CLÁUDIO VALLADARES-PADUA - ed. UFPR
  • EDUCAÇÃO AMBIENTAL A FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO - iSABEL CRISTINA DE MOURA CARVALHO - CORTEZ Editora.